Falta de internet restringe acesso a direitos para classes mais baixas
Pesquisa mostra que falta de internet faz com que brasileiros das classes C, D e E não tenham acesso a direitos básicos como serviços de assistência social, educação e saúde
Por: Juliana Lima
Atualmente, a internet faz parte da vida de muitas pessoas e garante que elas tenham acesso a inúmeros serviços e direitos básicos como, por exemplo, a educação — principalmente durante a pandemia, em que o ensino a distância foi adotado em quase todo o país. Além disso, desde 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o próprio acesso à internet como um direito humano. No entanto, no Brasil, essa ainda não é a realidade para grande parte da população.
Uma pesquisa encomendada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) ao Instituto Locomotiva mostrou que a falta de internet faz com que a maioria dos brasileiros das classes C, D e E não tenha acesso a benefícios sociais ligados a educação, saúde, finanças e serviços assistenciais. Segundo a pesquisa, isso gera insatisfação de consumidores e potencializa vulnerabilidades.
Os resultados da pesquisa, chamada ‘Barreiras e limitações no acesso à internet móvel e hábitos de uso e navegação na rede nas classes C, D e E’, apontam que 39% dos usuários deixaram de acessar políticas públicas por não terem acesso à internet, sendo que 33% deixaram de acessar serviços públicos e 28% tiveram dificuldades para acessar benefícios sociais, como, por exemplo, o Auxílio Emergencial.
No recorte analisado, o acesso à internet ocorre principalmente pelo celular (9 em cada 10 respondentes da pesquisa) e, muitas vezes, por conexão móvel (44% dos internautas acessam a internet somente ou principalmente pelo 3G/4G ou igualmente pelo 3G/4G e Wi-Fi).
Outros dados relevantes da pesquisa mostram que 47% das pessoas das classes C, D e E já deixaram de realizar transações bancárias por falta de internet, 38% já deixaram de acessar serviços de saúde como agendamento de consultas e exames, ou mesmo consultas online durante a pandemia, e 35% já deixaram de acompanhar aulas ou cursos (seus ou de seus filhos).
“A pesquisa nos mostrou que o acesso à internet para todos é uma questão que precisa ser tratada como prioridade. A falta de uma infraestrutura básica para os mais pobres é um problema que acaba perpetuando ainda mais a desigualdade socioeconômica no Brasil. Aqui aqueles que mais precisam de acesso a serviços básicos são os que menos têm”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Relação entre classe e raça aumenta vulnerabilidades
Um ponto adicional da pesquisa foi analisar como a relação entre classe e raça potencializa as vulnerabilidades e a falta de internet. Segundo o estudo, os internautas negros das classes C, D e E possuem uma experiência de acesso à internet móvel mais precária do que os internautas não-negros das mesmas classes sociais. Os dados revelam que os usuários negros e pobres são os que mais contratam planos pré-pagos, conhecidos por serem planos com gigabytes mais caros e com franquia limitada.
Outro fenômeno identificado é o da prática constante de autoprivação entre a população negra e pobre. Ou seja, o próprio usuário, possivelmente conhecendo a impossibilidade de arcar e controlar o gasto com o pacote de dados durante todo o mês, impõe diversas barreiras em seu próprio acesso à internet, o que também prejudica seu acesso a diversos direitos fundamentais.
Para ter acesso ao relatório completo da pesquisa, clique aqui.
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