ReUrbi: empresa alia inclusão sociodigital e preservação ambiental
Além de coletar e garantir o descarte correto de equipamentos eletrônicos de TI e Telecom, a ReUrbi doa equipamentos seminovos para projetos sociais, aliando preservação ambiental e inclusão sociodigital. Ao longo de nove anos, a empresa já evitou a emissão de 2,8 milhões de kg de gases de efeito estufa e apoiou 110 projetos, beneficiando 72 mil pessoas
Por Juliana Lima
Atualmente, o Brasil possui 82,7% de sua população conectada à internet. No entanto, o alto número não representa uma igualdade de acesso. Isso porque o equipamento mais utilizado por brasileiros, principalmente pelos de classes mais baixas, é o celular.
De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apenas 45% dos domicílios do Brasil possuem um computador. Nas propriedades rurais, apenas 17% das casas têm o equipamento e entre as classe D e E, só 13%.
Outra pesquisa, essa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em 2021, aponta que a maioria da população pobre do Brasil acessa a internet principalmente por meio da conexão móvel (3G ou 4G), que pode ter a franquia limitada e planos mais caros.
É nesse contexto que surgem movimentos que lutam pela inclusão sociodigital, já que hoje o mundo digital envolve todas as áreas da vida das pessoas, da educação ao trabalho e do acesso à saúde ao acesso à cultura. Por isso, esses movimentos defendem que ter um bom equipamento significa ter mais oportunidades de crescimento.
Por outro lado, o Brasil é também o quinto maior produtor de lixo eletrônico do mundo, ou seja, computadores, notebooks, celulares, eletrodomésticos e outros equipamentos que são descartados sem outro destino ou reaproveitamento. Dados da Universidade das Nações Unidas apontam que o país recicla apenas 3% dos mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos que produz anualmente.
Como, então, solucionar o problema da desigualdade de acesso ao mundo digital sem causar ainda mais danos ao meio ambiente? Um bom exemplo de iniciativa nesse sentido é a ReUrbi, empresa B Certificada e com licenças ambientais, que a partir dos descartes de equipamentos obsoletos ou em desuso de TI e Telecom de empresas e organizações, valoriza economicamente os lotes coletados e parte destes recursos são aplicados em projetos sociais de inclusão digital do terceiro setor, revertendo estes recursos em doações de equipamentos de TI após processo de logística reversa e do recondicionamento de equipamentos de TI. Dessa forma, a empresa promove inclusão sociodigital e preservação ambiental ao mesmo tempo.
Desde a criação da ReUrbi, há nove anos, 1.800 equipamentos foram doados em comodato a organizações de todo o país, alcançando 110 projetos sociais e impactando em inclusão digital mais de 72 mil pessoas. E em 2021 a empresa lançou o Instituto ReUrbi de Inclusão Sociodigital, um braço do grupo voltado especialmente para apoiar projetos sociais de organizações do terceiro setor.
Ao todo, a empresa já coletou cerca de 1.500 toneladas de equipamentos eletrônicos de TI e Telecom, que passaram pelo processo de Logística Reversa como determina a Legislação Ambiental, foram inventariados, avaliados e receberam certificação de descarte, e que após descaracterização de dados de mídias, retornam ao mercado como matéria-prima ou como produtos seminovos de TI com certificado de origem e garantia de qualidade, seguindo a dinâmica da economia circular. Com isso, foi evitada a emissão de 2,8 milhões de kg de gases de efeito estufa e 17 mil kg de metais pesados no meio ambiente. Com este processo, a ReUrbi destinou 10% dos resultados da empresa para projetos de inclusão sociodigital.
O impacto sentido na ponta
Uma das organizações do terceiro setor impactadas pela ReUrbi e o Instituto ReUrbi de Inclusão Sociodigital em 2021 foi o CADEVI, o Centro de Apoio ao Deficiente Visual, localizado na zona sul da cidade de São Paulo e que oferece diversos cursos e atividades para jovens e adultos com deficiência visual. Entre elas, a inclusão sociodigital por meio de aulas de digitação e de programas básicos de informática.
Sandro Rodrigues, Diretor-Presidente da organização, conta que conheceu a ReUrbi alguns anos atrás, quando era um dos voluntários do CADEVI. Na ocasião, ele procurou a empresa para fazer o descarte correto de alguns equipamentos eletrônicos antigos, e acabou recebendo novos computadores em troca. Em 2021, já à frente da organização, Sandro foi surpreendido novamente pela doação de seis novos kits de computadores pelo Instituto ReUrbi. Dessa vez, graças a uma parceria com a SulAmérica Companhia Nacional de Seguros.
O diretor conta que, desde o início da pandemia, o CADEVI segue com as atividades paralisadas para manter a segurança de seus beneficiados e voluntários, que compõem a maior parte da mão de obra da organização. No entanto, a crise sanitária também levou à perda de alguns patrocínios, dificultando as ações desenvolvidas.
É por isso, segundo ele, que doações como a da ReUrbi são importantes para eles, pois representam uma ajuda e trazem esperança em tempos difíceis. Apesar de não haver previsão para retorno das atividades presenciais no CADEVI, Sandro adianta um plano para o futuro: criar um curso profissionalizante de programação utilizando os novos equipamentos adquiridos. “A ideia é apoiar ainda mais as pessoas”, diz.
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Este conteúdo foi produzido por meio de uma parceria entre o Observatório do Terceiro Setor com a ReUrbi – Recicladora Urbana.