Filantropia comunitária é tema de revista eletrônica
A filantropia comunitária e a justiça socioambiental se destacam como tema da revista eletrônica criada pela Rede Comuá; publicação discute a importância de fortalecer as vozes e o protagonismo das comunidades em suas jornadas de mudanças.
A revista “Plurais: Vozes, Saberes e Práticas da Filantropia Comunitária e de Justiça Socioambiental” é uma iniciativa da Rede Comuá para dar voz às diversas perspectivas e saberes, repensar estruturas tradicionais de doação e promover uma abordagem mais inclusiva e participativa no campo filantrópico. A primeira edição já está disponível e pode ser acessada aqui.
“Abordagens decoloniais incluem doar em relações de confiança com comunidades e organizações locais, que conhecem melhor suas necessidades e sabem, melhor do que ninguém, como gerar transformação em seus territórios. Isso envolve também desburocratizar o acesso a recursos e repensar como avaliamos e medimos os resultados, focando no que realmente importa. Essa abordagem valoriza parcerias na filantropia, onde o poder é compartilhado e o protagonismo cede espaço para ouvir e apoiar as comunidades em suas jornadas de mudança”, explica Mônica Ribeiro, coordenadora de comunicação da Rede Comuá.
Todos os artigos apresentados no blog da Comuá, publicados entre o final de 2022 e ao longo de 2023, mantém sua relevância e incentivam a ponderar sobre o papel da filantropia na promoção da justiça socioambiental e dos direitos humanos. Isso é feito através de uma abordagem que valoriza os conhecimentos das comunidades politicamente minoritárias e territoriais.
O conteúdo diversificado da revista aborda temas cruciais, desde a transformação de realidades até a decolonialidade, destacando a importância de reconhecer e valorizar os saberes ancestrais e comunitários. Práticas como a doação em confiança e o apoio a projetos liderados por organizações de base demonstram uma abordagem colaborativa e descentralizada na distribuição de recursos para promover mudanças efetivas.
Muitas são as formas de promover a decolonialidade na filantropia. Experiências diversas em todo o mundo nos mostram que reconhecer saberes ancestrais e de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, de grupos que vivem nas periferias das grandes cidades, ou ainda de grupos específicos politicamente minorizados, como mulheres, movimentos negros e LGBTQIA+, tem sido fundamental para que a filantropia mainstream reflita sobre seus modos de doar.
No primeiro número da revista, os diversos temas são abordados em quatro partes distintas, cada uma oferecendo uma perspectiva única e abrangente sobre o papel da filantropia na transformação social e ambiental, refletindo a existência de filantropias – no plural.
A seção inicial, intitulada “Filantropia e Decolonialidade”, apresenta reflexões sobre confiança, avaliação e saberes ancestrais do Sul Global; em seguida, fala sobre Filantropia Independente e potencial transformador da filantropia, discutindo o cuidado coletivo e direitos humanos. A terceira parte conta sobre o compromisso da filantropia com as questões climáticas e o meio-ambiente. Por fim, a última seção da revista apresenta reflexões sobre práticas examinadas por pesquisadores do Programa Saberes da Rede Comuá, destacando a valorização do conhecimento produzido por aqueles que atuam diretamente nos territórios.
A Rede Comuá é uma plataforma que reúne diversos financiadores independentes, como fundos temáticos, comunitários e fundações, que mobilizam recursos de várias fontes para apoiar organizações da sociedade civil atuantes em justiça socioambiental, direitos humanos e desenvolvimento comunitário. O apoio financeiro a iniciativas lideradas por minorias políticas é uma estratégia fundamental para promover agendas de reconhecimento e defesa de direitos, contribuindo para o fortalecimento da democracia no Brasil. A Rede visa fortalecer a colaboração entre seus membros, ampliando seu papel em processos de transformação social e incidência política, ao mesmo tempo em que destaca suas ações tanto na filantropia quanto na esfera pública.