Inspiração: Voluntários protegem a mata contra incêndios
Os povos indígenas e brigadistas voluntários cumprem papel essencial no combate aos incêndios florestais, que aumentaram 14% na região da Amazônia neste ano
Por Redação
A luta em defesa da conservação ambiental é o que move o brigadista voluntário Rafael Gava. Presidente da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV), ele já acumula 16 anos à frente de iniciativas de prevenção e combate a incêndios florestais no Brasil. “Decidi ser voluntario porque sei que existem lacunas que o Estado não consegue atender em relação à conservação ambiental. Atuar como brigadista foi a forma que encontrei como cidadão para contribuir de maneira efetiva pela defesa do meio ambiente”, afirma.
Assim como Rafael, Jasmin Madueño, coordenadora da Brigada Gavião Fumaça, sediada em Pirenópolis, Goiás, doa seu tempo e trabalho pela causa socioambiental. A voluntária conta que convive com os impactos dos incêndios florestais ao redor da cidade desde criança. Por isso, não pensou duas vezes quando recebeu o convite para atuar com voluntariado em Manejo Integrado do Fogo.
“O trabalho de prevenção e combate a incêndios florestais é algo que me motiva, principalmente quando envolve a participação da comunidade e de diferentes setores da sociedade civil. Fico feliz em ver a importância dessa iniciativa para o presente e o futuro da conservação ambiental no país”.
Protagonismo indígena
Os indígenas são a linha de frente no combate aos incêndios florestais. A determinação em defender o meio ambiente e demarcar o protagonismo dos povos tradicionais na conservação da floresta é a principal motivação dos integrantes das brigadas indígenas Guardiões do Território Kumaruara, no oeste do Pará, e Paiter Suruí, em Rondônia.
“O trabalho da nossa brigada vai além da proteção ao meio ambiente. É um trabalho que demarca a ancestralidade do nosso povo e a resistência na luta pela proteção da floresta e do nosso modo de vida” afirma Tainan Kumaruara, integrante da Brigada Guardiões do Território Kumaruara.
Para Luiz Suruí, representante da Brigada Paiter Suruí, a atuação das brigadas comunitárias ajuda a reforçar o protagonismo dos povos indígenas na defesa do território. “Ser brigadista no território indígena é uma forma de proteger e ao mesmo tempo incentivar a participação coletiva no cuidado com a nossa terra. Por isso, além do monitoramento, o nosso trabalho também envolve educação ambiental, para repassar esses ensinamentos sobre a proteção da floresta para as futuras gerações”.
Terceiro setor no combate aos incêndios florestais
Mais de 2,15 milhões de hectares foram queimados no Brasil durante o primeiro semestre de 2023, é o que revela um mapeamento do MapBiomas Brasil. Segundo a análise, tiveram cresceram 14% na Amazônia em comparação a 2022, o que destaca um aumento contínuo nos últimos anos. Diante deste cenário, se faz mais importante a atuação da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV).
A organização possui mais de 900 voluntários que, assim como o Rafael e a Jasmin, se dedicam a proteger as matas dos incêndios. A Rede atua em 8 estados brasileiros. Uma de suas principais missões é compartilhar conhecimento entre as brigadas e captar recursos para a causa, visto que, por muitos anos, os brigadistas combateram o fogo com recursos próprios e sem ter capacitação específica. Além disso, a RNBV discute políticas públicas de prevenção e combate a incêndios florestais.
Interessados em contribuir para o trabalho da Rede podem oferecer apoio jurídico, médico, tecnológico e institucional, captar recursos, desenvolver e doar equipamentos, destinar recursos para custeio e manutenção, dar suporte para o transporte, estadia e alimentação das forças-tarefas.
Atuar no combate às queimadas é contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3, 13, 14 e 15, metas da Agenda 2030 da ONU que promovem saúde e bem-estar, ação contra a mudança global do clima, vida na água e vida terrestre.