Instituto Velho Amigo oferece letramento para idosos em vulnerabilidade
Brasil terá uma população de 68 milhões de idosos em 2050. Iniciativas como o Instituto Velho Amigo, organização que trabalha há 20 anos pela longevidade ativa e saudável, pensam na importância de olhar para essa população como parte integrante e potencialmente importante de nossa sociedade
Por Iara de Andrade
“Hoje, somos em 23 milhões de pessoas acima de 55 anos; em 2050 seremos mais de 68 milhões. E 20% desse número estará economicamente ativo, ou seja, fará parte do consumo das empresas e das indústrias”. É assim que Debora Santos de Conti, diretora executiva do Instituto Velho Amigo, explica a importância de olhar cada vez mais para essa população como parte integrante e potencialmente importante em nossa sociedade.
A organização social nasceu há 23 anos como um trabalho de voluntariado feito por algumas mulheres preocupadas com a questão do envelhecimento, mesmo antes de começar a se falar sobre. “Estamos falando de um Brasil de 23 anos atrás, ainda reconhecido como um país jovem e que não tinha tanta preocupação em relação ao envelhecimento populacional”.
Elas recebiam e passavam as doações para algumas organizações que atendiam idosos em vulnerabilidade social, mas com o passar do tempo, foram percebendo que a questão assistencial, por si só, não era impactante o suficiente e, então, decidiram fundar o Projeto Velho Amigo, nome que, a partir de 2019, mudou para Instituto Velho Amigo.
Atuação
Focado em garantir longevidade e envelhecimento saudável para idosos em situação de vulnerabilidade social, o Instituto trabalha em três linhas de atuação. Uma delas é o programa Revitaliza, de aceleração e fortalecimento para instituições que atendem pessoas idosas em vulnerabilidade social; por meio do Advocacy, a instituição também fomenta políticas públicas, participando de fóruns e congressos para que a pauta do envelhecimento esteja, não só na pauta política, mas também nas empresas.
A terceira vertente de trabalho da instituição é feita através do Núcleo de Convivência. Um projeto baseado em Heliópolis, maior comunidade de São Paulo e com maior vulnerabilidade social e concentração de idosos na grande São Paulo.
Letramento e Inclusão Digital
“Começamos com oficinas de alfabetização. E essas oficinas tiveram pouca adesão no início. Fomos percebendo que o próprio nome ‘alfabetização’ trazia para esses idosos uma questão de vergonha, de ‘como é que eu, nessa idade, não sei ler nem escrever?’. Então, mudamos o nome da oficina para ‘letramento’”, conta Debora.
Hoje, o Núcleo atende 240 idosos na comunidade e tem uma adesão de quase 90% de idosos.
Além do processo de aprimoramento da alfabetização, também foi criado o de letramento digital, pensado como uma forma de empoderar e incluir esses idosos: “Começamos a movimentar essa formação de letramento digital, trazendo aos idosos um empoderamento e uma sensação de inclusão muito grande. E isso começou a suscitar outros desejos, como, por exemplo, o de continuar economicamente ativo dentro da sociedade”, pontua.