Na Rússia, mulheres são proibidas de trabalhar em 456 tipos de empregos

Na Rússia, mulheres são proibidas de trabalhar em 456 ocupações e 38 ramos da indústria. Entre os empregos proibidos estão mergulho e combate a incêndios

Na Rússia, mulheres são proibidas de trabalhar em 456 ocupações e 38 ramos da indústria, considerados “muito árduos, perigosos ou nocivos à saúde das mulheres, sobretudo à sua saúde reprodutiva”.

Introduzida pelos soviéticos em 1974 e atualizada pelo presidente Vladimir Putin em 2000, a legislação impede as mulheres de se tornarem motoristas de trens ou caminhões, membros de tripulações de navios e mecânicas de automóveis, bem como de servir na Marinha.

As restrições são um resquício da crença da era soviética de que o trabalho fisicamente extenuante ou perigoso é impróprio para as mulheres, cuja segurança e capacidade de ter filhos eram fundamentais para a sobrevivência do Estado comandado pelo Partido Comunista.

A Rússia, enquanto Estado-membro da Convenção para a Eliminação da Discriminação contra Mulheres, deve “criar condições de trabalho seguras em todas as indústrias, em vez de impedir as mulheres de serem empregadas em certas áreas”, criticam os especialistas.

A pressão internacional e de grupos feministas está começando a dar resultados.  A partir de 1º de janeiro de 2021, uma ordem do Ministério do Trabalho para reduzir o número de empregos proibidos para apenas 100 entra em vigor.

Mas 100 empregos ainda estarão proibidos, incluindo manuseio de produtos químicos perigosos, mergulho, mineração, soldagem, combate a incêndios e trabalho como mecânico de aviação.

Meses antes da mudança, as mulheres já se preparam para novos empregos. Neste ano, a Russian Railways começará a treinar 10 mulheres para trabalhar como maquinistas assistentes. Após o programa de seis meses, que acontecerá no sistema ferroviário suburbano de Moscou, as mulheres poderão começar a se candidatar a vagas.

Svetlana Medvedeva ganhou atenção nacional depois que a Samara River Passenger Enterprise se recusou a contratá-la por causa de seu gênero. Com a ajuda da ONG Anti-Discrimination Center Memorial (ADC), com sede em São Petersburgo, Medvedeva travou uma batalha legal de cinco anos contra a empresa. A Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW) reconheceu a lista de empregos proibidos da Rússia como discriminação e até a Suprema Corte da Rússia decidiu que a empresa havia discriminado Medvedeva ao não contratá-la.

Fontes: ONU e The Moscow Times