O mistério do nevoeiro de Londres que matou 12 mil pessoas
Um nevoeiro misterioso tomou conta da cidade de Londres em dezembro de 1952, hospitalizando 150 mil pessoas e matando 12 mil. O mistério só foi revelado em 2016.
Em 5 de dezembro de 1952 , a cidade de Londres se preparava para o final de ano em clima de natal, até que, misteriosamente, um grande nevoeiro cobriu toda a cidade, surpreendendo os londrinos. Ninguém sabia, mas aquela névoa era letal, sua origem se deu devido um desastre de poluição que ficou marcado na história britânica.
De início, os cidadãos acreditaram que a névoa seria como as outras tantas que comumente fazem parte do cotidiano britânico. Porém, ao anoitecer, o ambiente começou a ficar estranho. O céu ficou amarelado e a cidade toda foi tomada por um cheiro de ‘ovo podre’.
Para a preocupação de todos, esse clima não foi embora. No dia seguinte, o céu amanheceu com uma cor esverdeada. O fedor de lixo tomava conta da cidade. O tempo foi passando e a névoa densa só piorava: a visibilidade estava cada vez mais difícil e respirar aquele ar podre se tornou torturante. A situação era essa por longos cinco dias, até que em 9 de dezembro aquele terror acabou.
No final, 150 mil pessoas foram hospitalizadas. E estima-se que cerca de 12 mil pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, vieram à falecer durante o período do nevoeiro que os expôs ao ar extremamente poluído.
Esse evento catastrófico ficou conhecido como ‘O Grande Nevoeiro de Londres‘. Na época ele foi atribuído ao carvão, porém por décadas os detalhes que levaram a ocorrência dessa névoa tóxica permaneceram indefinidos.
Somente em 2016 uma equipe liderada por Renyi Zhang, da Universidade Texas A&M, retomou os estudos sobre o fenômeno, que esclarece os fatores que levaram ao Grande Nevoeiro, além da análise de outros acidentes de poluição atmosférica.
Os cientistas revelaram que uma das características do Grande Nevoeiro foi à presença de partículas de ácido sulfúrico (sulfato) no ar, que causaram o tom amarelado e esverdeado no céu e também o odor fétido. A inalação dessa substância também foi uma das principais causas de hospitalização das pessoas.
Zhang e sua equipe atestaram que o sulfato pode se acumular dentro das gotículas de água nas neblinas por causa de interações químicas entre o dióxido de enxofre e o dióxido de nitrogênio. Esses elementos, por sua vez, são liberados em razão da queima de carvão, ou pelos escapamentos de automóveis.
Portanto, essa combinação de reações químicas, e um clima desfavorável, teria levado à formação do Grande Nevoeiro de Londres. Além disso, a equipe de cientistas avaliou que as condições por trás desse episódio podem ocorrer em outros lugares do mundo.
O estudo foi publicado na Proceedings of the National Academies of Sciences e foi feito através de medições atmosféricas em duas cidades propensas à poluição (Xian e Pequim, ambas localizadas na China), e alguns experimentos laboratoriais.
O desastre foi tão marcante na cidade, que foi representado em The Crown, série de sucesso da plataforma Netflix, que conta a vida da monarquia inglesa.
Fonte: Aventuras na História/ UOL