O psiquiatra que revolucionou os tratamentos para saúde mental no Brasil
Juliano Moreira foi o primeiro psiquiatra negro do Brasil. Ele lutou contra o racismo científico no país e por um tratamento mais humanizado para pessoas com transtornos mentais
Por: Isabela Alves
Juliano Moreira nasceu em Salvador, em 1872. Ele era filho de Galdina Joaquina do Amaral, que trabalhava na residência do Barão de Itapuã, e foi reconhecido pelo seu pai posteriormente, o português Manoel do Carmo Moreira Junior, um funcionário público que atuava com inspeção de iluminação.
Algumas biografias apontam que sua mãe foi escravizada e outros dizem que ela era descendente de escravizados. É válido ressaltar que apenas em 1888 o Brasil aprovou a Lei Áurea, que determinava o fim da escravidão.
Apesar da origem humilde, Moreira era dedicado aos estudos e enfrentou diversas barreiras para alcançar os seus objetivos.
Ele ingressou na faculdade de medicina em 1886, aos 14 anos, e sua tese, ‘Etiologia da syphilis maligna precoce’, ganhou repercussão internacional por propor novas abordagens sobre a sífilis, uma das doenças que mais matavam no final do século XIX.
Já no início do século XX, ele revolucionou o tratamento de pessoas com problemas mentais e lutou para combater o racismo científico. Tal crença relacionava a miscigenação a doenças mentais e também defendia a superioridade de algumas etnias.
Em 1903, ele assumiu a direção do Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, e inovou com um tratamento mais humanizado, já que acabou com o uso de camisas de força, retirou as grades de todas as janelas e separou pacientes adultos de crianças.
Hoje, ele é considerado o fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil, pois implementou os pensamentos de Freud no país.
Ele também foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina legal e da Academia Brasileira de Ciências, da qual foi presidente.
Quando era vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Moreira recebeu Albert Einstein em sua primeira visita ao Brasil.
Ele morreu em 2 de maio de 1933, em consequência da tuberculose, na cidade de Petrópolis. Após sua morte, tornou-se patrono da cadeira 57 da Academia Nacional de Medicina e um hospital psiquiátrico na Bahia foi batizado como Hospital Juliano Moreira.
Fontes: BBC Brasil e El País Brasil