OIT: ‘A maternidade deve ser tratada como um processo natural, por isso a flexibilidade é importante’
Por Edgard Júnior, redator da Rádio ONU, Nova York
A Organização Internacional do Trabalho, OIT, lançou nesta semana um relatório sobre disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, com foco na maternidade.
Segundo a OIT, as diferenças de salários continuam para todas as mulheres, com ou sem filhos. Numa média global, as mulheres ganham o equivalente a 77% dos salários dos homens.
Ação
O documento afirma que se nenhuma ação for tomada para mudar o quadro, a igualdade de salários só será alcançada em 2086, ou daqui a 71 anos.
A Rádio ONU ouviu o diretor-adjunto da OIT em Nova York. Vinícius Pinheiro explicou que as diferenças não param por aí.
Segundo ele, as taxas de participação no mercado de trabalho entre homens e mulheres estão ainda bastante díspares.
Pinheiro disse que atualmente, 77% dos homens que estão em idade de trabalhar participam da força de trabalho, enquanto que esta taxa para as mulheres é de 50%. Isso representa uma brecha de 27% em relação aos dois lados.
A OIT calcula que reduzir essa diferença para 25%, somente nos países do G20, poderia colocar mais de 100 milhões de mulheres no mercado de trabalho.
Filhos
Para quem tem filhos, a situação melhorou: a porcentagem de países que oferecem 14 semanas ou mais de licença maternidade subiu de 38% para 51%.
Mas no mundo, 800 milhões de mulheres, ou 41%, ainda não têm proteção adequada durante a maternidade.
Vinícius Pinheiro afirmou que a maternidade precisa ser tratada como um processo natural, por isso a flexibilidade é importante.
Ele citou a importância do trabalho remoto e de horários flexíveis para que as mulheres possam continuar mantendo o vínculo empregatício, continuar sendo produtivas e ao mesmo tempo, participar da vida familiar.
Para o diretor da OIT, “é fundamental que haja também uma maior divisão do trabalho entre homens e mulheres, principalmente em relação às tarefas relativas aos cuidados das crianças”.
Sistemas de Proteção
Outro ponto importante é a possibilidade de se levar a criança para o trabalho, a proximidade entre o cuidar da criança e o local de trabalho é importantíssima, para Pinheiro.
O diretor destaca ainda a necessidade da implementação de sistemas de proteção social que garantam renda durante a licença-maternidade e permitam às mulheres retornar ao trabalho.
Sobre os direitos dos pais, a OIT informa que em 1994, apenas 28% dos países garantiam a licença-paternidade e o índice subiu para 56% em 2013.
A divulgação do relatório marca o Dia Internacional da Mulher, celebrado no domingo, 8 de março.
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