Padre de 82 anos é ameaçado por bolsonaristas e pede proteção
Após falar das mais de 500 mil mortes por covid no Brasil e pontuar o “descaso com a vacina e a pandemia”, padre de 82 anos começou a receber ofensas e ameaças, durante missas e nas redes sociais
Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República, muitos de seus apoiadores reagem com extrema violência contra pessoas que não concordam com as ideias e postura do presidente.
Ministros do STF, políticos, cantores, atores, blogueiros, youtubers e agora até um padre recebem ameaças de seguidores mais radicais intitulados “bolsonaristas”.
O padre Lino Allegri, de 82 anos, foi ameaçado durante uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Fortaleza (CE), apenas por citar as 500 mil mortes por Covid-19 registradas no Brasil e pontuar o que ele considerou “descaso com a vacina e a pandemia”.
Desde então, ele segue recebendo ofensas. Já faz três semanas. Além dos episódios presenciais, insultos via internet também estão acontecendo.
“A violência verbal era muito pesada. Isso não em relação a mim, mas ao pároco. Chamado com palavras de baixo calão, ofensivas, desrespeitosas. Isto cria uma situação muito constrangedora”, lamenta Lino Allegri.
“No dia 18, a celebração estava mais carregada de tensão. Eu não estava, mas foram pessoas organizadas com a camisa com nome do presidente, com número 17 e uma presença ostensiva e intimidatória”, relembra padre Lino.
Com tantas ameaças, o padre pediu proteção ao Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos. O programa consiste no conjunto de medidas protetivas e atendimento jurídico e psicossocial a pessoas ou grupos que promovem, protegem e defendem os Direitos Humanos, e que estão em situação de risco ou que sofreram violação de direitos em razão de sua atuação. O programa integra o Sistema Estadual de Proteção a Pessoas.
Apesar dos ataques, padre Lino agradece as mensagens de apoio que tem recebido de outros fiéis. “Tem muita gente da Paróquia da Paz, de classe média alta, como é comum lá, me apoiando. Isto, em certo sentido, até me comove e me dá força para pensar ‘foi um fato lamentável mas, com isto, não vou mudar a minha vida’. Eu tive muito mais apoio do que contestação”, reforça o padre.
“O importante para superar essas situações que aparecem seria sentar e dialogar. Quem não sabe dialogar é quem grita. Se Deus nos deu a razão, é para que nós saibamos usá-la, sermos racionais e não violentos”, finaliza padre Lino.
Fontes: Diário do Nordeste e Brasil de Fato