Pandemia dificulta denúncia de violência sexual contra crianças em SP
Relatório do Instituto Sou da Paz indica que 84% dos casos de estupro de vulneráveis acontecem dentro de casas e as denúncias vem sendo impactadas pelo isolamento social
Por: Mariana Lima
Com o fechamento de escolas e de espaços fora do ambiente familiar, crianças e adolescentes ficaram ainda mais vulneráveis à violência sexual durante a pandemia da Covid-19.
O alerta foi dado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), junto com o Instituto Sou da Paz e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP).
As três organizações se uniram para produzir um estudo com o objetivo de verificar os possíveis impactos do isolamento social na ocorrência e na notificação da violência sexual.
Foram analisados dados quantitativos com base em ocorrências de estupro de vulnerável pela Polícia Civil do Estado de São Paulo entre janeiro de 2016 e junho de 2020.
De acordo com o estudo, as denúncias de estupro de vulneráveis (violência contra menores de 14 anos, pessoas com deficiência ou que não podem oferecer resistência) vem crescendo nos últimos anos.
Contudo, no primeiro semestre de 2020, apresentaram uma redução significativa (-15,7%). Os meses com maiores quedas foram abril (-36,5%) e maio (-39,3%), em comparação ao mesmo período em 2019.
No primeiro semestre de 2020, a proporção e casos de violência sexual ocorridos em residências do Estado de São Paulo foi de 84%, tendo chegado a 88% no mês de maio, superando o patamar de 79% observado ao longo dos anos anteriores.
Tendo como principais vítimas crianças, esse crime corresponde a 75% do total de estupros registrados no Estado de São Paulo no primeiro trimestre.
O relatório ainda apresenta um perfil das vítimas: 83% são do sexo feminino e possuem até 13 anos; 60% são brancas e 38% negras; e, enquanto o pico de abusos entre as meninas é aos 13 anos, os meninos sofrem a violência entre 4 e 5 anos.
Na média da análise, 7% das vítimas possuem algum tipo de deficiência ou outra vulnerabilidade, sobressaindo a deficiência intelectual.
Vale pontuar que a informação sobre vínculo entre o autor e a vítima estava disponível em apenas 8% do universo de ocorrências registradas.
Dentro deste 8%, há parentesco em 73% dos casos registrados no primeiro semestre de 2020.
Para conferir o relatório completo, clique aqui.