Para salvá-la dos nazistas, bebê foi deixada sozinha em um trem
Quando Alice Grusová era um bebê, seus pais a deixaram num banco de uma estação de trem. Foi o último ato desesperado de Marta e Alexandr Knapp para salvar sua filha e tentar escapar da invasão nazista.
Quando Alice Grusová era um bebê, seus pais a deixaram num banco de uma estação de trem, sem ideia do que aconteceria com ela. Era junho de 1942. Foi o último ato desesperado de Marta e Alexandre Knapp para salvar sua filha e tentar escapar da invasão nazista.
Depois de deixar a menina na estação, o casal fugiu de Praga. Mas, quando o trem chegou a Pardubice, na Boêmia Oriental, soldados nazistas embarcaram em busca de judeus em fuga.
Grusová (o sobrenome que adotou ao se casar) nunca viu os seus pais novamente. Eles foram presos e enviados para o campo de concentração de Theresienstadt, de onde foram posteriormente deportados para Auschwitz e assassinados. Seu meio irmão mais velho, René, fruto de um casamento anterior do pai, também morreu no local. Pelo menos 960.000 judeus foram exterminados em Auschwitz, além de cerca de 74.000 poloneses, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, e 10.000 a 15.000 civis de outras nacionalidades (cidadãos soviéticos, tchecos, iugoslavos, franceses, alemães e austríacos).
O destino da bebê poderia ter sido o mesmo, não fosse uma aposta de alto risco do casal ao deixá-la ali e contar com a sorte. E deu certo. Em 2022, Alice Grusová celebrou o seu 81º aniversário – e também o 60º aniversário de casamento com o marido Miroslav. Vivendo em Praga, o casal tem três filhos, seis netos e três bisnetos.
A mulher sempre sentiu que essa era a soma total da sua família. No entanto, no início deste ano a enfermeira pediátrica aposentada viajou para Israel, onde se reconectou com sua herança judaica e encontrou seu único primo sobrevivente – bem como uma família mais ampla que ela desconhecia.
“Fiquei muito chocada quando descobri, aos 80 anos, que tinha uma família tão grande”, contou Alice. “Estou triste por não ter ido mais cedo”, acrescentou a aposentada, que já sobreviveu a um câncer, uma hepatite e uma cirurgia na coluna vertebral.
A reunião ocorreu graças aos esforços de uma curiosa mulher a 8 mil quilômetros de distância, na África do Sul, que resolveu investigar a genealogia da família durante o início da pandemia de coronavírus. A história incrível foi depois compartilhada pelo site de genealogia online MyHeritage.
Fonte: CNN Brasil