Paraisópolis ocupa 76º lugar em reclamações por barulho em SP
Na madrugada de domingo (01/12), nove pessoas morreram após ação policial durante baile funk em Paraisópolis. Bairro com mais reclamações por barulho é Pinheiros, em área nobre da cidade
Por: Isabela Alves
No primeiro semestre de 2019, São Paulo registrou 9.449 queixas de barulho, incluindo pancadões. São 52 reclamações por dia. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do G1 com dados do Programa Silêncio Urbano (PSIU), da Prefeitura de São Paulo.
Dos 96 distritos, a Vila Andrade, onde fica a favela de Paraisópolis, ocupa o 76º lugar de chamados por poluição sonora. Já Pinheiros, bairro nobre situado na zona oeste do município, ocupa o primeiro lugar no ranking, com 345 reclamações. Em seguida, aparecem na lista Santa Cecília, com 233, e Vila Mariana, com 220.
Na madrugada de domingo (01/12), nove pessoas morreram em um tumulto, após ação da polícia em um baile funk em Paraisópolis. A Polícia Militar alega que as mortes ocorreram após uma perseguição policial seguida de tiros, mas os moradores da região afirmam que houve uma emboscada da polícia.
Em nota, a PM afirmou que desde o início do ano está realizando a Operação Noite Tranquila com o objetivo de evitar a perturbação do sossego em locais mapeados pela inteligência em todas as regiões da cidade.
Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, dificilmente a polícia faria tal intervenção em uma festa de bairro nobre da maneira como ocorreu em Paraisópolis.
“O problema dos pancadões atinge a cidade como um todo e é um forte indicativo da falta de opções de lazer para os jovens pobres da cidade. A polícia precisa estar preparada para lidar com milhares de pessoas reunidas. Festas de jovens, em qualquer classe social ou local, são propícias à infiltração de traficantes e ao excesso de álcool e, por isso, não podemos criminalizar os pancadões; precisamos oferecer soluções e alternativas que sejam, elas próprias, elementos de prevenção ao uso da violência e ao crime”, disse ao G1.
Quem eram os jovens que morreram:
- Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, foi a primeira vítima a ser reconhecida. Estudante, morava no Jaraguá, zona norte de São Paulo.
- Denys Henrique Quirino da Silva, 16, morava com a família em Pirituba, zona oeste de São Paulo. O garoto de 16 anos estudava e trabalhava com limpeza de estofados e sofás.
- Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16, ex-aluno da Escola Estadual José Talarico, no distrito de Vila Matilde, na zona leste. O jovem estudava administração na Universidade Paulista (Unip).
- Gustavo Cruz Xavier, 14, vítima mais nova vivia com a família no Capão Redondo.
- Gabriel Rogério de Moraes, 20, morava em Mogi das Cruzes.
- Mateus dos Santos Costa, 23, baiano, morava sozinho há cinco anos em Carapicuíba e trabalhava vendendo produtos de limpeza.
- Luara Victoria de Oliveira, 18, única vítima do sexo feminino, morava com uma amiga após a morte do pai e da mãe, e estava desempregada.
- Bruno Gabriel dos Santos, 22, fez aniversário no último dia 28 e resolveu comemorar com os amigos na noite de sábado (30).
- Eduardo da Silva, 21, era morador do bairro Cidade Ariston, em Carapicuíba. Morava com a mãe, o pai, uma irmã e o filho. Ele trabalhava com o pai em uma oficina de carros.
Fonte: G1 e Mídia Ninja