Projeto plantará uma árvore para cada vítima da Covid no Brasil
As árvores serão plantadas em regiões de Mata Atlântica pelo programa Bosques da Memória, uma iniciativa com participação de diversas organizações do terceiro setor
Por: Mariana Lima
O programa Bosques da Memória tem um objetivo bem definido: plantar uma árvore para cada pessoa que morreu de Covid-19 no Brasil.
A iniciativa está sendo realizada em áreas de Mata Atlântica nos estados brasileiros com a presença do bioma.
Criada por três redes de ONGs, a campanha busca homenagear a restauração da floresta. A meta é plantar ao menos 200 mil árvores em seis meses.
Os “bosques de memória” serão plantados em áreas que precisam recuperar o vigor da vegetação e o habitat para a fauna.
As ONGs criaram uma plataforma para que os plantios sejam registrados em um banco de dados, com localização, quantidade de árvores, espécies e fotos para monitorar o crescimento.
O projeto é desenvolvido pelas ONGs Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e a Rede de ONGs da Mata Atlântica, que reúne 280 organizações em prol da conservação do bioma.
Os plantios podem ser feitos por empresas, instituições públicas, governos e outras entidades. Vinte bosques já foram plantados.
Um deles está localizado em um assentamento de reforma agrária em Presidente Epitácio (SP) e terá 2 mil mudas.
O plantio vem sendo feito pela Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoema), com espécies nobres da Mata Atlântica, como jequitibá, jatobá e os ipês amarelos, branco e roxo.
Em alguns plantios, as mudas recebem uma placa com o nome da pessoa homenageada. Assim, uma goiabeira branca – espécie não nativa, mas já incorporada à Mata Atlântica – passou a se chamar Aldir Blanc.
A goiabeira foi plantada no bosque pela Associação Mico-Leão-Dourado, em Silva Jardim, Rio de Janeiro. A espécie foi personagem da infância de Aldir, aparecendo em algumas de suas crônicas.
O compositor morreu aos 73 anos, em maio de 2020, vítima da Covid-19.
A iniciativa coincide com os preparativos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o lançamento da Década da Restauração de Ecossistemas (2021 – 2030).
É um esforço da ONU, com aprovação dos países-membros, para criar um movimento global de recuperação, reverter a perda de espécies e ajudar no cumprimento de metas de redução de emissões de carbono.
Por se encaixar no espírito dessa ação, a campanha brasileira foi reconhecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e será divulgada em outros países.
Fonte: Folha de S. Paulo