Revolução educacional em SP é narrada em livro de Rose Neubauer
Além de abordar a revolução educacional, livro da ex-secretária Rose Neubauer é uma referência para profissionais interessados em gestão e políticas públicas voltadas para educação
Por Ana Clara Godoi
A educação no Brasil enfrenta diversos desafios. De acordo com um relatório da organização Todos Pela Educação, no segundo trimestre de 2021, cerca de 244 mil crianças entre 6 e 14 anos estavam fora da escola. O número indica um aumento de 171% na evasão escolar em comparação a 2019. Além disso, houve também um aumento expressivo na desigualdade educacional, já que alunos do ensino público tiveram menos acesso ao ensino remoto durante a pandemia.
Neste mês, a pedagoga Rose Neubauer publicou o livro Sem medo de mudanças – Política Educacional Paulista 1995-2002, onde a autora relata a revolução educacional que liderou no Estado de São Paulo, no período em que esteve à frente da secretária estadual de Educação durante o governo de Mário Covas. A leitura é fundamental aos profissionais interessados em gestão educacional, políticas públicas, avaliação, indicadores de desempenho e práticas escolares, visto que aborda a importância das mudanças implementadas para a construção dos alicerces de uma escola democrática e sintonizada com as exigências do Século XXI.
Naquele período, como secretária estadual da Educação, Rose deparou-se com um mundo em processo de mudanças, marcado pelo início da globalização e de uma nova revolução tecnológica. Porém, a educação paulista encontrava-se parada no tempo, com níveis alarmantes de evasão escolar, repetência e baixa qualidade.
“A inércia da máquina burocrática e o corporativismo operavam como uma força conservadora resistente às mudanças”, afirma. Juntamente com um grupo de educadores, ela promoveu uma revolução educacional com base em três eixos: racionalização organizacional; modernização; e melhoria da qualidade.
A experiência segue atual e pode contribuir para o aperfeiçoamento do ensino brasileiro, como mostram os resultados descritos no livro: em 2002, a taxa de reprovação e o abandono escolar anual no Ensino Fundamental, que em 1994 era de 23%, caiu para 8%. No Ensino Médio, a redução foi de 29,7% para 17,7%. São Paulo passou a apresentar a menor taxa de distorção idade/série do País. Ou seja, mais crianças e jovens estavam estudando em classes adequadas.
“Era imprescindível que as crianças e jovens matriculados permanecessem na escola com sucesso, apropriando-se do conhecimento e sendo capazes de compreender o mundo, de participar da vida em suas comunidades e de se inserir, mais tarde, no universo do trabalho”, ressalta.
Foram várias transformações resultantes da nova política educacional: o salto da municipalização do ensino; a escolha dos dirigentes regionais por critérios técnicos e não políticos; a construção de um sistema de avaliação; os impactos positivos nos indicadores educacionais, com queda da evasão escolar e da distorção idade/série, e o fim da cultura da repetência.
O livro, disponível no site da Edições Loyola, está alinhado ao ODS 4, meta da Agenda 2030 da ONU que diz respeito à educação de qualidade.