SP: 16 pessoas são resgatadas de trabalho escravo em restaurante japonês
“Era tudo um horror. Tudo um horror. Parede mofada, bicho, rato. Contando comigo, eram 16 pessoas morando nesse quadrado, nesse alojamento. A gente vivia largado. Eu nunca tinha passado por um absurdo desse na minha vida”, disse o homem resgatado.
A polícia resgatou 16 pessoas vivendo em situação análoga à escravidão, em um restaurante japonês localizado na Vila Formosa, zona leste de São Paulo.
Um dos resgatados era auxiliar de cozinha no restaurante, o homem de 30 anos, que preferiu não ser identificado, foi retirado do local pela polícia na última quinta-feira (19/01) após uma denúncia feita ao Ministério Público. A gerente do restaurante, uma mulher de 39 anos, foi presa e liberada após audiência de custódia.
A Polícia Civil informou que o inquérito foi encerrado e encaminhado à Justiça. Natural de Patos (PB) e vivendo na capital paulista há cinco meses, o funcionário chegou à cidade para trabalhar em outro restaurante da rede, em Pirituba, região noroeste da cidade. O trabalhador decidiu mudar de unidade porque um amigo de infância contou que precisava de funcionários na Vila Formosa — onde trabalhava desde novembro de 2022.
“Era tudo um horror. Tudo um horror. Parede mofada, bicho, rato. Contando comigo, eram 16 pessoas morando nesse quadrado, nesse alojamento. A gente vivia largado. Eu nunca tinha passado por um absurdo desse na minha vida”, disse o homem resgatado
Além de ter os valores da passagem para São Paulo e dos alimentos que comiam descontados do salário, os pagamentos atrasavam e eram irregulares, assim como a jornada de trabalho. O homem contou que trabalhava em dois períodos — de manhã até o início da tarde, e do fim do dia até a madrugada —, mas não recebia horas extras ou adicional noturno.
“Se eu soubesse que era essa situação, não tinha vindo. Era totalmente diferente. Eu soube ontem que ganhava R$ 1,4 mil, porque eles pagavam cada mês um valor. Às vezes, no dia 5 do mês, pagavam R$ 500, às vezes R$ 600 ou R$ 700. Depois, no dia 20, pagavam mais um tanto. Então não dava para saber quanto era o salário”, explicou.
O funcionário também contou que uma das orientações era reaproveitar alimentos de um cliente para o outro.
Durante a visita da polícia, alimentos em mau estado de conservação e vencidos também foram encontrados no local. Por fazer muitas das refeições no restaurante, o funcionário contou que ele e os colegas também acabavam comendo os produtos estragados.
O homem contou que apesar de pedirem melhorias no alojamento, nunca foram atendidos. Segundo ele, os patrões faziam promessas que não eram cumpridas. Sobre a situação dos alimentos no restaurante, ele contou que havia medo de demissão entre os funcionários e, por isso, evitavam falar sobre.
O restaurante publicou uma nota de esclarecimento nas redes sociais dizendo que “os fatos alegados serão, em tempo oportuno, devidamente esclarecidos no bojo do processual judicial e administrativo.
Fonte: UOL