Travesti brasileira que iria palestrar em evento no México é deportada
Keila Simpson é presidente da Associação Brasileira de Travestis e Transexuais e faria uma palestra no Fórum Social Mundial, mas foi barrada ao chegar ao México. Associação afirma que a travesti brasileira sofreu transfobia
Por Iara de Andrade
A travesti brasileira Keila Simpson, presidente da Associação Brasileira de Travestis e Transexuais (Antra), foi barrada quando chegou ao aeroporto na Cidade do México, no último domingo (01/05).
Simpson fazia parte da delegação da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), juntamente com outras 20 pessoas, e iria palestrar no Fórum Social Mundial.
Ativista da causa há 20 anos, Keila diz que nunca havia sido barrada nas muitas viagens internacionais que fez, inclusive para o país em questão.
Bruna Benevides, secretária de articulação política da Antra, afirma que foi um caso de transfobia e que a organização irá atrás de medidas de reparação. “É uma transfobia institucional. Muitas vezes não vai ser dito claramente, mas vão buscar desculpas para justificar uma desconfiança anterior”.
Benevides diz que casos de discriminação contra pessoas trans em aeroportos são bastante comuns, sobretudo quando o nome que consta nos documentos, como o de Keila, é o de batismo.
Apesar de uma sentença promulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2018, que garante o direito à redesignação (mudança de sexo) sem a necessidade de cirurgia, avaliação médica e psicológica ou autorização judicial, a associação calcula que pelo menos 70% da população trans e travesti brasileira ainda não tenha atualizado seus documentos.
O restante da comissão aterrissou no dia anterior e ninguém mais foi barrado. Keila era a única travesti do grupo.
Fonte: Folha de S. Paulo