Violência contra mulher: Polícia Militar recebeu mais de 899 mil chamadas
A violência contra mulher no Brasil infelizmente só vem crescendo. Dados do 17º Anuário de Segurança Pública divulgado este ano mostra que os acionamentos ao 190, número de emergência da Polícia Militar, chegaram a 899.485 ligações com pedidos de ajuda por violência doméstica; isso significa uma média de 102 acionamentos por hora, no ano passado.
A violência contra mulher no Brasil infelizmente só vem crescendo. Dados do 17º Anuário de Segurança Pública divulgado este ano mostra que os acionamentos ao 190, número de emergência da Polícia Militar, chegaram a 899.485 ligações com pedidos de ajuda por violência doméstica; isso significa uma média de 102 acionamentos por hora, no ano passado.
Os feminicídios cresceram 6,1% em 2022, resultando em 1.437 mulheres mortas simplesmente por serem mulheres. Os homicídios dolosos de mulheres também cresceram (1,2% em relação ao ano anterior), o que impossibilita falar apenas em melhora da notificação como causa explicativa para o aumento da violência letal.
Somente entre janeiro e junho deste ano foram registrados 722 feminicídios no Brasil. Foram 2,6% a mais do que os 704 casos dessa natureza contabilizados no país no primeiro semestre de 2022. Os dados são Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública.
De acordo com o FBSP, os 722 feminicídios da primeira metade deste ano é o maior número da série histórica para um primeiro semestre já registrado pela entidade desde 2019.
Na avaliação da diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, a alta dos feminicídios no Sudeste é preocupante. “Em São Paulo, que teve crescimento bastante expressivo, a gente tem recebido relatos de como a rede de acolhimento tem sido desmontada, como não tem sido prioridade o funcionamento dessa rede. Como se precarizou esse atendimento e a articulação dos serviços, especialmente Município e Estado, que são eles que recebem essa mulher, que são a porta de entrada dessa mulher [vítima de violência]”, explica.
No estado de São Paulo, os feminicídios cresceram 33,7% (de 83 para 111 casos) entre os primeiros semestres de 2022 e de 2023, segundo o levantamento do FBSP.
Recentemente o soldado Thiago Cesar de Lima foi preso em flagrante pela Polícia Militar (PM) pelo assassinato de Erika Satelis Ferreira de Lima. Ela foi atingida no peito por dois dos disparos.
O caso foi registrado no dia 03/12 como feminicídio na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) Norte. Thiago, de 36 anos, foi levado para o Presídio Romão Gomes, da PM, que fica na região. Erika tinha 33 anos e estava casada havia seis meses com Thiago. Ela deixa duas filhas de um relacionamento anterior.
Para diminuir o número de feminicídios no país, um desafio apontado pela diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, é tornar efetivas as mudanças normativas no âmbito da Lei Maria da Penha aprovadas ao longo dos últimos anos.
“A gente teve muitas mudanças ao longo dos últimos quatro anos, no sentido de dar maior efetividade para a lei. Medidas importantes, como tornar o descumprimento de Medida Protetiva [de Urgência] crime. No entanto, a maior parte das vítimas de feminicídio sequer denunciaram os autores da violência, não tinham medidas protetivas, não tinham boletim de ocorrência contra os autores. O nosso grande desafio é fazer com que todas essas mudanças recentes legislativas se traduzam na vida real dessas mulheres em situação de violência. E isso só vai ser possível quando a gente investir nessa rede de acolhimento. Que essas mulheres sejam acolhidas e encaminhadas ao sistema de Justiça.”
Fonte: 17º Anuário de Segurança Pública e g1