Dicas práticas para superar os desafios da liderança para o impacto
Por Alexandre Amorim
Apenas 8% dos brasileiros acreditam que pessoas em posições de liderança são os mais competentes para o trabalho. Esse dado coletado em pesquisa pelo Datafolha em 2019 e divulgado pela Fundação Lemann pode ter te impressionado, como me impressionou quando fui impactado pela primeira vez por essa informação.
Mas o que leva um líder a ser considerado competente para a sua função? Quais seriam as características de um bom líder? Listo abaixo algumas delas, mas indico que faça a sua própria lista, pensando nos seus próprios padrões e referências de boas lideranças que já teve no passado:
- O bom líder é referência para a equipe. Ele precisa desenvolver um estado de confiança com o time;
- Tem clareza sobre suas responsabilidades na gestão de pessoas;
- Sabe que ao exercer bem o seu papel, promoverá um ambiente saudável e motivador, que renderá bons frutos para a organização.
Se você é líder, será em breve ou deseja se tornar um, eu reforço o convite para construir a sua própria lista. O primeiro passo para exercitar a liderança de forma eficiente começa com a autorreflexão.
Olhando para o setor do impacto social
Mas e quando falamos especificamente sobre a liderança para o impacto, em organizações sociais brasileiras, será que existem desafios exclusivos a serem superados?
Em conversas e pesquisas feitas pela Ago Social com diversos líderes do setor, constatamos que parte dos desafios da liderança para o impacto conversam com desafios da liderança de forma geral. Porém, existem aqueles muito característicos dos que atuam em organizações sociais.
Um exemplo muito claro é a tensão entre resultados financeiros e impacto social, que gera tomadas de decisão fundamentais para o equilíbrio entre interesses dos stakeholders. Além desse, mapeamos mais quatro principais desafios do dia a dia de um líder do setor:
- Dificuldade em entender o papel da liderança para o impacto;
- Falta de autoconhecimento e de conhecimento sobre a equipe;
- Uso de ferramentas e métodos antiquados para a gestão de pessoas;
- Pouca atualização sobre tendências da liderança moderna.
Para exemplificar formas práticas de superar alguns desses desafios, conversei com lideranças que são referência em organizações sociais e privadas. Trago alguns desses insights valiosíssimos a seguir:
Uso de ferramentas e métodos antiquados para a gestão de pessoas
Não há dúvidas de que em nosso setor, temos pessoas apaixonadas pelo que fazem. Porém, a maior dificuldade que podemos visualizar é a de se atualizar sobre ferramentas e métodos muito utilizados em empresas do segundo setor.
Você já ouviu falar em gestão ágil de pessoas, por exemplo? Para explicar de forma básica, é um conjunto de técnicas que tem como objetivo tornar as etapas de entrega de projetos mais eficientes e rápidas. Mas se engana quem pensa que o impacto único é para a organização, como explica Matheus Haddad, co-fundador da Webgoal e da Orgganica:
“O maior impacto da utilização de ferramentas ágeis de gestão é você deslocar a gestão do processo para as pessoas, colocar as pessoas no centro da gestão. Você deixa de estar restrito a um processo e amplia a capacidade de ação para as pessoas que executam”.
É possível perceber que essas ferramentas têm muita relação com o protagonismo da equipe, outro ponto importantíssimo para o desafio da construção de relações de confiança.
Porém, é importante ir além das ferramentas e passar a desenvolver a mentalidade ágil. Esse insight veio de uma conversa com Lina Useche, co-fundadora e CEO da Aliança Empreendedora:
“Existe uma mentalidade de tomada de decisão ágil. Cada organização vai achar a sua forma e ritmo para tomadas de decisão mais difíceis. Na Aliança, qualquer pessoa em determinado horário e reunião pode entrar e propor decisões. A Aliança utiliza o Canvas da Tomada de Decisão – entendendo quem é importante e o que deve ser analisado”.
A importância do autoconhecimento e conhecimento da equipe
Segundo Matheus Haddad, “o que sempre está na base é o autoconhecimento, conhecimento do outro e a transparência. Com isso, existe autonomia de ação e com isso existe confiança. Assim todos podem ser líderes e desempenhar atos de liderança”. Para os líderes que buscam gerar confiança com o time liderado, portanto, é fundamental que se priorize o seguinte fluxo:
Pratique exercícios de autoconhecimento e autorreflexão > Repita o processo com a sua equipe liderada para entender as dores e necessidades individuais > Desenvolva ações que permitam autonomia de ação > Aprimore o senso de propósito de todo o time.
O impacto da falta de atualização sobre tendências da liderança moderna
Uma pesquisa realizada em 2021 pela Startup de saúde mental Vitalk, com suporte da plataforma de Análise Humana voltada a pesquisas com consumidores, a MindMiners, constatou que 71% das pessoas lideradas com menos de 30 anos afirmam que a liderança tem impacto negativo na saúde mental. Entre as pessoas acima de 30, 57% fizeram a mesma afirmação.
É visível o impacto que a pandemia trouxe não só para a saúde mental no ambiente de trabalho, mas para a importância que damos a ela. Percebe como a mudança de uma realidade cria uma tendência fundamental a ser seguida?
Justamente pelo aspecto de “novidade”, muitos líderes podem se ver perdidos e desconhecerem formas de identificar problemas de saúde mental entre os liderados. Luciana Coen, membra do Conselho Consultivo da ANDE e Diretora da SAP, adianta que não é tão simples. Porém, revela que um ponto muito importante é trabalhar a escuta ativa e olhar de fato para as pessoas. Também fala sobre o aspecto humano e diz que os líderes precisam aprender a se mostrar vulneráveis:
“Não existe mais espaço para os líderes que deixam o lado pessoal em casa, temos que entender que somos um só ser. Há dias que o líder vai chegar super bem e outros que não. E os líderes precisam aprender a compartilhar essas informações!”.
Olhar com atenção para esses aspectos pode ajudar líderes que passam atualmente por problemas como a alta rotatividade da equipe, falta de motivação e descolamento do propósito.
A busca por capacitação é fundamental
Ao reconhecer os desafios, você como líder para o impacto pode se sentir perdido(a) em meio a tantas melhorias para aplicar em sua rotina. E foi pensando nisso que a Ago Social, em colaboração com profissionais que são referência no setor, criou o Programa Liderança para o Impacto.
A imersão conta com professores como Lina Useche, Matheus Haddad e Luciana Coen, e tem 27 horas de duração. Os principais desafios da liderança serão abordados de maneira disruptiva e com foco na aprendizagem ativa, que inspira trocas, conexões e aplicação prática. Os encontros são 100% ao vivo e online e as inscrições já estão abertas:
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Sobre o autor:
Alexandre Amorim é empreendedor social, cofundador da ASID Brasil e da Ago Social, além de investidor em negócios sociais. Administrador, especializou-se em Empreendedorismo Social em Harvard, Stanford, INSEAD e Fundação Dom Cabral. Faz parte da Forbes Under 30.
Evento online reunirá líderes de impacto para debater desafios do setor
15/02/2022 @ 11:59
[…] gerar impacto de verdade, gerindo equipes de maneira ágil e sabendo lidar com as tendências da liderança; desenvolver conexões significativas com outros líderes que atuam para o impacto, coletando e […]