Ativista que defendeu mulheres sauditas é condenada a 5 anos de prisão
Loujain Al-Hathloul atua pelos direitos das mulheres sauditas e fez uma campanha para que elas pudessem dirigir. Ativista já está em uma prisão de segurança máxima há mais de dois anos e sua família afirma que ela foi torturada
Por: Mariana Lima
Loujain Al-Hathloul, de 31 anos, uma ativista da Arábia Saudita, foi condenada a mais de cinco anos de prisão após fazer uma campanha pelo direito das mulheres sauditas de dirigir.
A sentença saiu no final de dezembro de 2020, apesar de ela estar presa em uma prisão de segurança máxima há mais de dois anos e meio.
Ela foi presa em 2018 junto com outros ativistas acusados de ter contatos com “organizações hostis” à Arábia Saudita. Desde então, várias organizações a favor dos direitos humanos pedem sua libertação.
Apesar desta movimentação, o Tribunal Criminal Especializado Saudita, criado para julgar casos de terrorismo, condenou a ativista por ameaçar a segurança nacional e favorecer uma agenda estrangeira.
A sentença impõe cinco anos e oitos meses de prisão. Dois anos e dez meses da pena foram declarados suspensos.
Al-Hathloul e sua família negam todas as acusações e afirmam que ela foi torturada na prisão, embora o Tribunal tenha rejeitado essas acusações.
A ativista acabou sendo detida semanas antes de as mulheres sauditas receberem permissão para dirigir em 2018, causa que ela defendia.
Contudo, as autoridades sauditas dizem que sua prisão não tem relação com essa questão.
Já parentes da ativista disseram que ela foi mantida incomunicável por três meses após sua prisão e sofreu choques elétricos, chicotadas e assédio sexual.
Eles alegam que foi oferecida a ela sua libertação em troca de declarações públicas negando que havia sido torturada.
Diversos especialistas em direitos humanos afirmam que o julgamento não atende a padrões internacionais.
Em novembro de 2020, a Anistia Internacional condenou a transferência do caso para o Tribunal Penal Especializado, afirmando que isso revelava “a brutalidade e hipocrisia” das autoridades sauditas.
O ocorrido levantou mais dúvidas sobre a reputação do príncipe Mohammed Bin Salmán, o líder de fato da monarquia árabe do petróleo.
Bin Salmán lançou um programa de reformas, incluindo o fim da proibição de dirigir para mulheres. O objetivo de sua atuação é abrir o país ao mundo e atrair investimento estrangeiros.
No entanto, suas tentativas esbarram em protestos de ativistas perseguidos pelas autoridades e pelo papel das autoridades sauditas no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Neste cenário, Loujain Al-Hathloul ficou mais famosa por seu encarceramento do que por seu corajoso papel como ativista na campanha do direito de dirigir das mulheres sauditas.
Ela passou a simbolizar as violações dos direitos humanos que repetidamente lançam uma longa sombra sobre a tentativa da Arábia Saudita de realizar reformas econômicas e sociais, ao mesmo tempo que reprime dissidentes políticos com mão de ferro.
A sentença de Al-Hathloul inclui vários anos em espera e o tempo que ela já passou na prisão, o que implica que ela e outros ativistas podem ser libertados ainda neste ano.
Fonte: BBC News via Universa UOL
Arábia Saudita liberta militante que luta por direitos das mulheres
16/02/2021 @ 08:16
[…] lembrar que Loujain tinha iniciado uma greve de fome na prisão em 26 de outubro de 2020, que durou semanas. Ela foi […]