Coronavírus acentua ainda mais as desigualdades sociais no Brasil
Quem vive nas periferias está mais vulnerável ao coronavírus em diversos aspectos. Com casas mais lotadas, menos acesso a saneamento básico e diminuição da renda durante a pandemia, periferias têm visto número de mortos crescer
Por: Isabela Alves
O novo coronavírus foi trazido ao Brasil por pessoas da classe alta que realizaram viagens internacionais e se contaminaram no exterior. Um dos primeiros registros de Covid-19 no país foi de um homem de 61 anos que mora em São Paulo.
Ele havia passado duas semanas a trabalho na Itália em fevereiro. Assim que sentiu os sintomas da doença, foi internado no Hospital Albert Einstein e, duas semanas após o diagnóstico, estava curado.
Pouco tempo depois, o vírus passou a se espalhar entre as classes mais baixas do país, e agora a Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) já mata mais pessoas na periferia da cidade de São Paulo do que no centro. Entre os bairros mais atingidos estão Brasilândia, Sapopemba, São Mateus e Cidade Tiradentes.
Esta é uma situação que se estende para o resto do país: em Fortaleza, por exemplo, os bairros da Barra do Ceará e José Walter, ambos da periferia, também se encontram em situação crítica.
Além disso, as periferias são os locais mais complexos para se cumprir as medidas de distanciamento social, já que cerca de 11,5 milhões vivem em casas superlotadas, com mais de três pessoas por dormitório. E muitos enfrentam problemas em relação ao acesso à água encanada e sofrem com a insegurança econômica.
Quando alguém adoece na periferia, o sistema público de saúde costuma ser sua única alternativa e o número de leitos de UTI na rede pública é quase cinco vezes inferior em comparação com a rede privada.
A população carente também é a mais vulnerável a doenças pré-existentes, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar e cardíaca ou insuficiência renal, que tornam uma infecção pelo coronavírus mais perigosa.
Além da saúde, a pandemia também atinge as classes sociais de forma distinta quando se trata da economia. Uma pesquisa realizada pelo DataPoder360 apontou que, quanto mais pobre, maior o impacto da Covid-19 na renda da pessoa. De acordo com o estudo, o coronavírus prejudicou 77% dos desempregados ou sem renda fixa, 57% dos que ganham até dois salários mínimos, e 26% dos que recebem mais de dez salários mínimos.
Em relação ao acesso à educação, os alunos que estudam em escolas privadas migraram para o ensino a distância, enquanto muitos estudantes de rede pública estão enfrentando dificuldades por não ter conexão adequada à internet em casa.
Fonte: DW Brasil