Dia dos Direitos Humanos na perspectiva do terceiro setor
O Brasil sofreu diversas violações de direitos humanos em 2023; visto que o terceiro setor tem grande participação na garantia de direitos, o Observatório conversou com algumas organizações para entender a relevância desta data e o que esperar para o cenário do próximo ano
Da Redação
O mundo sofreu diversas violações de direitos humanos em 2023. Crianças e civis foram mortos em conflitos armados, os índices de discriminação por gênero cresceram e povos originários foram retirados de suas terras.
No Brasil, indígenas Yanomami morreram de fome, escolas sofreram ataques armados e centenas de habitantes de Maceió tiveram que deixar suas casas devido ao resultado de um crime ambiental. Em meio ao cenário desafiador, é comemorado em 10 de dezembro o Dia dos Direitos Humanos.
“Celebrar o Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrar a vida. Essa data marca a criação da Declaração Universal, quando todos os países destroçados pela guerra decidem criar um enquadramento de quais são as regras do jogo para viver em comunidade. Alguns pactos estão sendo inclusive desfeitos nesse momento, estamos vivendo um retrocesso bem grande, mas essa data é uma aposta na esperança de um mundo melhor”, afirma Alexandra Montgomery, diretora de programas da Anistia Internacional Brasil.
Para Alexandra, a situação de violação de direitos no Brasil está um pouco melhor do que esteve nos últimos anos, mas ainda há muito que avançar.
“A gente tem uma polarização política muito grande, um processo de negação de direitos e de muita violência. As diferenças sociais têm sofrido brutais ataques. Ainda temos um caminho gigantesco a percorrer e direitos não podem ser confundidos com privilégio, precisam se aplicar a todo mundo”.
SOCIEDADE VIVA COM O TERCEIRO SETOR
Centenas de milhares de organizações não governamentais estão espalhadas pelo Brasil, visando construir um país melhor por meio de diversas causas: saúde pública, preservação do meio ambiente, combate à fome, ao racismo e à LGBTfobia. Elas estiveram à frente, ao longo de 2023, de diferentes inciativas, como a Cruz Vermelha, Action Aid e Médico Sem Fronteiras que ofereceram ajuda humanitária para vítimas das guerras e desastres naturais; e também a Visão Mundial, Instituto Alana e Instituto Ethos, que participaram da COP-28 em prol do combate às mudanças climáticas.
Assim como essas iniciativas, a Oxfam Brasil também trabalhou pela garantia de direitos humanos da população. “Em 2024 esperamos que as reformas que o Brasil precisa avancem no sentido de garantir direitos e serviços essenciais, propiciem o desenvolvimento justo e sustentável do país. Esperamos que o governo federal e os governos estaduais sigam uma agenda comprometida com a efetivação dos direitos humanos e o combate às desigualdades. Também esperamos que as eleições municipais sejam marcadas pela inclusividade e representatividade, em especial de mulheres negras, e pautadas por propostas que defendam os direitos da população em situação de vulnerabilidade”, afirma Gustavo Ferroni, coordenador da área de Justiça Rural e Desenvolvimento da organização.
Divulgar a atuação da sociedade civil na garantia de direitos humanos é o principal objetivo da Sociedade Viva, uma iniciativa de diferentes organizações, incluindo o Observatório do Terceiro Setor. A plataforma conta com a participação da Associação Brasileira de Captadores de Recursos, do MROSC, do GIFE, da Abong e do Movimento por uma Cultura de Doação.