Em SP, apenas 5,5% dos monumentos da cidade representam pessoas negras
O estudo “Patrimônio, Memória e Diversidade”, do Instituto Pólis, analisa 210 monumentos feitos em homenagem a pessoas na capital paulista e mostra que há desequilíbrio quanto à raça/cor e gênero das figuras representadas
Por Ana Clara Godoi
O estudo “Patrimônio, Memória e Diversidade”, do Instituto Pólis, mostra que os monumentos em espaços públicos da cidade de São Paulo privilegiam homens brancos e dão destaque a figuras controversas, ligadas a episódios de violência, escravidão e opressão. Pessoas negras, indígenas e mulheres estão sub-representadas tanto pela quantidade de monumentos quanto por seu porte.
O estudo do Pólis revela que, na cidade de São Paulo, existem 377 monumentos de diferentes tipos: símbolos, objetos, datas comemorativas, figuras religiosas ou mitológicas e figuras humanas. Do total, 210 são monumentos a pessoas. A quantidade de estátuas erguidas a pessoas brancas, em especial a homens, é desproporcionalmente maior que qualquer outro grupo. Além disso, 48 monumentos (23%) são dedicados a personagens históricos cuja imagem enaltece memórias opressoras, exaltam episódios violentos – como os do período colonial e da ditadura militar – e de extermínio de povos não brancos.
“Essa pesquisa faz parte de uma série de ações que têm a finalidade de responder à pergunta: quais histórias as cidades nos contam? É um convite à população para perceber, pensar e construir uma cidade que não exalte símbolos de violência. É um convite para interferir no curso e nas histórias que a cidade conta”, afirma Cássia Caneco, coordenadora de projetos do Instituto Pólis.
A iniciativa integra o projeto Patrimônio, Memória & Diversidade: um Olhar Antirracista sobre Monumentos da Cidade de São Paulo, e contribui para o alcance do ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) 10, meta da Agenda 2030 da ONU que promove a redução das desigualdades. Os dados completos do levantamento estão disponíveis aqui.
O Instituto Pólis é uma organização da sociedade civil que atua em prol do Direito à Cidade em âmbito nacional. Suas ações incluem articulação política, advocacy, formação, pesquisas, trabalhos de assessoria e de avaliação de políticas públicas.