Sempre alerta!
Por Valdir Cimino e Mary Prieto
Todas as coisas que fazemos exigem atenção. O nosso foco se desloca com certa facilidade entre as urgências, sentidos e necessidades que temos na vida diária e o tempo todo, o corpo envia e recebe sinais de pensamento e de metabolismo, dirigindo o foco para onde a nossa atenção precisa estar. A consciência, no entanto, pode e deve ir além disso.
Isso porque a consciência vai muito além das funcionalidades cerebrais, e compreende a intuição como um estado mais profundo de atenção e a espiritualidade como um estado mais amplo. Todos esses níveis de estar, ser, perceber e pertencer são possibilidades de conexão com o todo, a todo momento.
Na verdade, ninguém está só. No máximo um pouco desconectado de suas próprias possibilidades de percepção.
Assim como o corpo acompanha os fluxos metabólicos, deveríamos acompanhar os fluxos da consciência, ora mais concentrada, ora mais abstrata, mas sempre em expansão.
Pessoas conscientes estão sempre em sintonia com o amor e com todas as forças que expandem seus horizontes. Elas compreendem que trabalhar para a construção de um mundo melhor e mais justo é sua missão diária.
A consciência é, em seu ápice de atividade, a conexão da unidade com o todo, fluindo da melhor maneira para criar tudo. Empédocles, filósofo atomista do séc 5 A.C dizia que o amor é a força que unifica as partículas e o ódio, seu oposto, a força de separação. Já no século 16 o pensador Spinoza nos traz outra reflexão: Deus sive natura, ou seja: Deus é a natureza.
Se Deus é o todo e o amor que está em tudo,as nossas conexões também dependem do amor para construir a experiência de existir. Amor próprio, amor ao próximo, amor a Deus, amor enquanto busca, (que é o desejo em si), todos eles nos movem e nos alertam para o fato de que mesmo sozinhos, há sempre uma qualidade ou força motriz do amor para nos deixar bem.
José Ortega y Gasset é contundente na correlação e na compreensão eu-todo e diz que “eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não salvo a mim mesmo”. Isso quer dizer que as circunstâncias definem e transformam o eu e vice versa, portanto, em tudo o que fazemos e enquanto existimos há que se prestar atenção no amor que faz tudo subsistir.
Prestando atenção no amor, não nos desconectamos do todo e modificamos as coisas para melhor. Prestando atenção no amor, não há isolamento que seja sofrido, pois a única forma de retirar-se por completo do todo (que é Deus e que flui em amor) é pela falta de amor.
É nesse ciclo que devemos estar atentos: o amor que aumenta a consciência, e a consciência que aumenta o amor. É dessa maneira e com essa força que, mesmo enquanto um, somos muitos e quando unidos, somos como um.