Por dia, 23 crianças e adolescentes desaparecem em São Paulo
Considerando todas as faixas etárias, estado teve 24,3 mil casos de desaparecimento ao longo de 2018
por Artur Ferreira
Em 2017, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados em todo o Brasil 82.684 desaparecimentos, aumento considerável se comparado a 2016, que registrou 71.796 casos de pessoas desaparecidas.
Só no estado de São Paulo, em 2018, foram registrados 24.368 desaparecimentos, de acordo com o Ministério Público do Estado (MP-SP). Desse total, 215 eram crianças de 0 a 7 anos, 1.035 eram crianças de 8 a 12 anos e 7.255 eram adolescentes.
Desaparecimentos são catalogados de 3 formas: voluntário (fuga do lar devido a desentendimentos familiares, violência doméstica ou outras formas de abuso dentro de casa), involuntário (afastamento do cotidiano por um evento sobre o qual não se possui controle, como acidentes ou desastres naturais) e forçado (sequestros realizados por civis ou agentes de Estados autoritários).
Apuração de dados
Nem todos os estados disponibilizam dados sobre desaparecimentos com divisão por faixa etária e não existe um dado oficial sobre quantas crianças e adolescentes desaparecem por ano em todo o Brasil.
A Delegada de Polícia Titular da 4ª Delegacia de Pessoas Desaparecidas, Maria Helena do Nascimento, fala que algumas das principais dificuldades para se obter análises mais profundas sobre o tema são: a falta de comunicação entre órgãos e serviços públicos de diversas áreas (como SUS e Poupatempo), o que dificulta o cruzamento de dados sobre os desaparecidos; famílias que se esquecem de registrar o boletim de encontro do desaparecido; e a falta de integração dos bancos de dados dos diferentes estados, já que muitas vezes o desaparecido vai para uma outra região.
De acordo com a promotora de justiça Eliana Vendramini, coordenadora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), a superficialidade de certos dados impede a análise das principais motivações para desaparecimentos dessas crianças e adolescentes, e afirma que “falta uma análise severa dessas informações, principalmente sobre os números de casos esclarecidos”. Em 2018, dos 24.368 desaparecidos no estado de São Paulo (considerando todas as faixas etárias), 19.722 casos foram esclarecidos.
Eliana também fala que mesmo que o número de esclarecimentos pareça alto, é preciso buscar melhorias no processo de investigação dos desaparecimentos, afinal milhares de pessoas acabam permanecendo desaparecidas pelo resto de suas vidas.
Ivanise Esperidião é fundadora e presidente da Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD), mais conhecida como ONG Mães da Sé, e afirma que o poder público é muitas vezes omisso em relação aos desaparecidos. “Encara-se como uma mera estatística o problema, nossos filhos se tornam meros números”.
Perfil das vítimas
Ivanise Esperidião atua como ativista por melhores condições na busca por desaparecidos há mais de 20 anos, devido ao desaparecimento de uma filha sua, em dezembro de 1995. Na época, a filha de Ivanise, Fabiana, tinha apenas 13 anos. Até hoje, Ivanise não tem uma resposta sobre o paradeiro da moça. “Quando se enterra um filho, o pai passa por um luto real, porém quando ele desaparece, você nunca pode ter certeza do que aconteceu realmente”.
Ivanise afirma que a faixa etária de 13 a 15 anos representa uma grande fatia do número de desaparecidos, principalmente meninas: “normalmente, conscientizar o adolescente é muito mais difícil que a criança, eles não reagem bem, acham que sabem de tudo, sendo que não é assim que as coisas funcionam”.
De acordo com a coordenadora do PLID, Eliana Vendramini, mesmo em casos de desaparecimento voluntário não se deve desvalorizar a gravidade do ocorrido: “esses jovens muitas vezes se encontram em situação de vulnerabilidade, tanto social quanto econômica, às vezes até mesmo sofrem abusos dentro de casa”.
A delegada Maria Helena afirma que, durante a investigação do desaparecimento, conhecer mais sobre a rotina da pessoa através de amigos e conhecidos fora do círculo familiar é uma maneira de identificar possíveis abusadores dentro da família.
Maria Helena também destaca que, mesmo que em menor grau, crimes como sequestros, tráfico de pessoas e pedofilia também podem ocasionar desaparecimentos, principalmente quando se trata da vulnerabilidade da criança e do adolescente na internet. “Casos de jovens que acreditam em promessas falsas feitas por estranhos nas redes sociais também acontecem”, comenta a delegada.
Campanhas sobre desaparecidos
Sandra Lefcovich é coordenadora de comunicação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), e comenta que a instituição auxilia no atendimento as famílias dos desaparecidos, e também dialoga sobre as necessidades desses familiares com as autoridades, além de realizar eventos e comitês sobre o tema, como a exposição realizada em 2018 no Museu da Imagem e do Som (MIS) intitulada ‘A falta que faz’, com o objetivo de trazer urgência ao tema.
“A perda ou o desaparecimento de um ente querido é sempre algo devastador para as famílias. Por isso, o CICV se esforça para identificar e compreender as necessidades dos familiares de pessoas desaparecidas e apresentar para as autoridades responsáveis recomendações e apoio”, afirma Sandra.
No dia 6 de maio, a ONG Mães da Sé iniciou uma campanha nas estações de metrô Largo Treze (Linha 5 – Lilás) e Paulista (Linha 4 – Amarela) sobre as dificuldades e os desafios para solucionar casos de desaparecimento. Foram produzidos painéis com fotos de desaparecidos com uso de técnicas de progressão de idade digital, na tentativa de auxiliar nas investigações em busca de pessoas que já desapareceram há muitos anos e que já teriam mudado seus traços faciais.
Ivanise Esperidião conta que uma das principais funções da ONG, além de ajudar pais e mães a reencontrarem seus filhos, é conscientizar crianças e adolescentes sobre os perigos aos quais estão expostos.
“Quando vamos às escolas e conversamos e damos palestras, sempre disponibilizamos cartilhas explicativas sobre o tema. Para as crianças, fazemos algo mais lúdico que possa elucidar a criança sobre esse tipo de perigo. Já com os adolescentes, investimos em disponibilizar mais informação e somos mais diretos em relação a esse problema”, afirma Ivanise. Segundo ela, a presença de psicólogos nesses eventos é essencial para mostrar aos jovens que fugir de casa não é uma solução.
Eliana Vendramini fala que o uso das redes sociais pelo PLID ajuda nas investigações de desaparecimento e na divulgação dos casos ao público em geral, e que já auxiliou no esclarecimento de vários casos.
“Quando entramos em contato direto com o cidadão, tentamos desmistificar a ideia de que se deve esperar 24h para notificar o desaparecimento à polícia. Quanto mais tempo se espera, pior fica para encontrar o desaparecido”, afirma Eliana. “Além disso, não deve haver preconceito sobre o tema ou para com as famílias dos desaparecidos. Isso não ocorre só em lares ‘desestruturados’, pode ocorrer com qualquer família”.
Serviço:
Contato imediato: em caso de desaparecimento de alguém, a família deve comunicar à polícia imediatamente. Não se deve esperar 24h, como muitos acreditam.
Prevenção contra desaparecimentos de crianças: é indicado que a criança tenha um documento de identidade (RG) desde cedo. Também é importante ter fotos 3×4 da criança atualizadas a cada ano.
Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP): Para auxiliar nas buscas, a 4ª Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas divulga, na internet, a foto da pessoa desaparecida que for enviada ao departamento policial.
PLID (Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos): Para saber mais informações de como se prevenir ou reagir em um caso de desaparecimento, o PLID também disponibiliza materiais de apoio (como cartilhas, apresentações e artigos) e links úteis sobre o tema. Para um contato direto, acesse a página do PLID no Facebook.
Em 2017, foram registrados em todo o Brasil 82,6 mil desaparecimentos.
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Rosineide Maria da silva
17/11/2019 @ 15:35
Quero encontra minha mãe faz 10 anos quer não tenho notícia dela
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Edrai de Freitas
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“Em 2018, dos 24.368 desaparecidos no estado de São Paulo (considerando todas as faixas etárias), 19.722 casos foram esclarecidos.”…deveriam esclarecer na chamada ser 648 crianças desaparecidas em 2017! Não é pouco!
Edrai de Freitas
04/05/2020 @ 15:39
Corrigindo= 648 pessoas.
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Tema de Redação: Desaparecimento de pessoas no Brasil - Blog Redação Online
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