Os 9 jovens que tiveram as vidas destruídas e quase foram mortos pelo racismo
Olen, Clarence, Haywood, Ozie, Willie, Charlie, Eugene, Andrew e Roy, com idades entre 12 e 19 anos foram condenados à morte por uma mentira inventada simplesmente por racismo de pessoas que não queriam viajar com negros no trem
Em 25 de março de 1931, Olen, Clarence, Haywood, Ozie, Willie, Charlie, Eugene e os irmãos Andrew e Roy, com idades entre 12 e 19 anos, faziam uma viagem de trem entre Memphis e Chattanooga, mas uma pausa para reabastecimento na cidade de Scottsboro, Alabama, mudaria a vida de nove jovens negros vítimas de racismo.
Alguns passageiros incomodados com a presença de jovens negros no trem, dois garotos brancos relataram ao xerife regional, Matt Wann, que o grupo realizou ataques e incitou baderna. Ao revistar o trem, outras duas mulheres brancas apontaram os rapazes ao militar, acrescentando que foram estupradas. Os relatos foram suficientes para levar os rapazes ao tribunal.
Olen, Clarence, Haywood, Ozie, Willie, Charlie, Eugene e os irmãos Andrew e Roy eram esperados por uma multidão em frente a prisão de Scottsboro, clamando por um linchamento.
Em três dias, os jovens foram ouvidos em poucas ocasiões — não tiveram autorização para solicitar um advogado e eram analfabetos. Os adolescentes foram condenados culpados por um júri inteiramente composto por homens brancos. Com exceção de Roy, que tinha 12 anos, todos os envolvidos foram sentenciados à forca, sem a apresentação de provas durante o processo acelerado.
O exame médico de Victória Price, que acusou os rapazes por estupro junto com Ruby Bates, não apresentava obstrução forçada ou atividade recente em sua vagina. Mesmo com a conclusão, as execuções foram agendadas para 10 de julho do mesmo ano.
A ausência de argumentos chamou a atenção do NAACP (Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor, em inglês) e do Partido Comunista, que aproveitou os três meses até a data da execução para entrar com um recurso no Tribunal do Alabama.
Com o julgamento estadual, Eugene, já com 13 anos, também foi retirado da execução, mas a pena para os outros envolvidos foi mantida, mesmo com um dos depoimentos relatando que a história foi inventada apenas para retirá-los do trem.
Uma autoridade, no entanto, notou a falta de informações concisas e cooperou com a defesa; o desembargador John C. Anderson discordou da confirmação das sentenças, alegando que os julgamentos anteriores não haviam sido justos, direcionando o caso para Suprema Corte.
Ao transferir a apelação, a data da execução foi suspensa pelo ministro Charles Evans Hughes, alegando que a defesa havia sido impossibilitada, violando a Constituição, mas sem inocentar os jovens.
A retomada do julgamento iniciou no ano de 1932 e prosseguiu por mais de dez anos, inocentando mais quatro dos envolvidos. Clarence foi condenado a morte, mas Andrew, Charlie e Haywood tiveram penas que variaram entre 75 e 105 anos de prisão.
Os presos tiveram as acusações retiradas após 6 anos de reclusão, já Clarence conseguiu fugir de sua liberdade condicional enquanto aguardava a execução, até ser perdoado pelo estado. Vítimas do racismo, essa é uma de várias injustiças e crueldades cometidas contra os negros na história.
Em 16 de junho de 1944 , George Junius Stinney Jr , um adolescente afro-americano, foi condenado erroneamente a pena de morte por um tribunal racista e discriminatório, em Alcolu, Carolina do Sul. Aos 14 anos de idade, George foi a pessoa mais jovem a enfrentar a execução nos Estados Unidos.
No verão de 1955, o jovem Emmett Louis Till foi passar as férias com seu tio, na pacata cidade de Money, Mississipi. O adolescente foi torturado até a morte depois que Carolyn Bryant, 21 anos, mentiu que ele tinha assobiado para ela. Décadas depois Carolyn admitiu que mentiu, dizendo que o jovem nunca tinha feito isso.
No Brasil, o combate ao racismo é uma das frentes de atuação do terceiro setor, contribuindo para o cumprimento do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável número 10, da Agenda 2030 da ONU, e que diz respeito à redução das desigualdades.
Fonte: Aventuras da História